Luís Alberto Caju
Os
pneus estão entre os cinco primeiros colocados na planilha de custos das
transportadoras. Eles representam um alto investimento, por causa da grande
quantidade que normalmente equipa um veículo de carga (de 6 a 26 pneus). Por
isso, conseguir transformá-los em item de economia é fundamental. O diretor
comercial da Bridgestone Bandag, Marcos Aoki, questiona sempre as pessoas que
atuam neste ramo de negócio: “Você sabe como pode aumentar a vida útil dos seus
pneus e obter o melhor desempenho dos veículos”?
Segundo ele, alguns hábitos praticados pelos
transportadores, geralmente para economizar tempo, podem comprometer o
desempenho dos pneus. Por isso, ficar atento aos cuidados com a manutenção pode
ajudá-los. “Saiba o que é certo e o que é errado e prolongue a vida útil dos
pneus”, enfatizou.
De acordo com Aoki, uma prática comum,
porém equivocada, é com relação ao alinhamento. “Geralmente, os transportadores
só alinham as rodas dianteiras, quando deveriam assegurar o correto alinhamento
de todos os eixos e rodas ao menos a cada 20 mil km”, disse. O desalinhamento,
explica, afeta a dirigibilidade e provoca o arraste contínuo dos pneus, fazendo
com que o desgaste seja acelerado, reduzindo a quilometragem em até 25%.
Para ele, outro item importante e
muitas vezes ignorado pela maioria dos usuários é o balanceamento. “A falta de
correção deste item pode reduzir em até 20% a quilometragem de um pneu”,
afirmou. Aoki alerta que um conjunto
desbalanceado produz oscilações e vibrações, resultando em esforços e fadiga de
componentes mecânicos, como amortecedores, rolamentos e terminais de direção. “Tudo
isso gerando aumento do custo de manutenção, além de submeter os pneus a um
desgaste irregular localizado por causa da diferença de massa”.
Quanto à calibragem, explica Aoki, em razão da
grande quantidade de pneus e da dificuldade de acessar a válvula de ar deles,
alguns profissionais deixam de realizar a verificação da calibragem com a
periodicidade necessária, que seria ao menos uma vez por semana. “O resultado é
a perda de até 25% na quilometragem”, disse. Segundo ele a pressão acima da
recomendada provoca o desgaste acelerado do centro da banda de rodagem e pode
gerar dano à carcaça quando for necessário utilizar sua função de
“amortecedor”, enquanto que abaixo provoca o desgaste acelerado das
extremidades da banda de rodagem e também pode gerar superaquecimento da
carcaça, diminuindo seu índice de recapabilidade.
Aoki diz que é preciso também levar em
consideração que existem diferentes desenhos de banda de rodagem e a escolha
incorreta pode reduzir a quilometragem em até 40%. “Cada posição de rodagem tem
uma função específica: os pneus dianteiros conduzem o veículo, favorecendo as
curvas e manobras; os pneus de tração transmitem a força e potência do motor;
já os pneus de eixos livres, do truck e da carreta, minimizam o arraste durante
as manobras”, enumerou. Rodar na cidade com um pneu destinado ao uso na terra
(fora de estrada) também provoca perdas no consumo de combustível, na
estabilidade e na durabilidade das peças do veículo. Portanto, é fundamental
utilizar o pneu indicado para cada tipo de aplicação.
Na avaliação de Aoki, o sobrepeso é
outro fator que compromete a estrutura e o desempenho dos pneus, da suspensão e
dos freios, além de provocar aumento do consumo de combustível e prejudicar as
estradas. “Muitos motoristas pensam que transportar excesso de carga pode
otimizar o tempo das entregas e gerar economia”, descreveu. Porém, alerta ele, o
excesso de peso acarreta maior aquecimento dos pneumáticos e fadiga prematura
das carcaças, diminuindo seu rendimento. “Quanto à economia, transportar carga
em excesso acarreta aumento no consumo de combustível e aumenta o risco de
acidentes. Além disso, reduz a velocidade do caminhão, resultando em maior
tempo de viagem”, disse.
Aoki enfatiza que é preciso ficar atento
também ao emparelhamento dos pneus. “O ideal é procurar manter a montagem no
eixo dos pares perfeitos, ou seja, pneus da mesma marca modelo, desenho,
calibragem, ciclo de vida (novo com novo, reformado com reformado)”, detalhou. Na
avaliação de Aoki, isto evitará que pneus diferentes trabalhem juntos,
“sobrecarregando” um pneu e “lixando” o parceiro. Um controle inadequado do
emparelhamento pode acarretar em redução de até 25% da quilometragem.
De acordo com ele, quem realiza
periodicamente o rodízio dos pneus está no caminho certo. Este revezamento, que
consiste na inversão de posições, evita o desgaste irregular, fazendo com que
ele aconteça de maneira mais uniforme, o que prolonga a vida útil dos
pneus.
Porém Aoki destaca ainda que os
cuidados com os pneus vão além do que aplicamos diretamente a eles. “A
manutenção preventiva de todo o veículo é extremamente importante para o bom
funcionamento do conjunto e, desta maneira, os pneus desgastam de maneira
regular e mais lenta. Com isso, a carcaça também é preservada, o que garante um
melhor índice de recapagem”. Outra dica importante é manter os pneus
distantes dos derivados de petróleo ou solventes. Estes produtos atacam a
borracha, fazendo com que ela perca suas propriedades físico-químicas e
mecânicas, reduzindo a vida útil.
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