Fábrica da Fiat em Betim, Minas Gerais |
Luís Alberto Alves
A Fiat comemora neste sábado, 9 de julho, 40 anos de atividade no país. Desde o lançamento do Fiat 147, que inaugurou a linha de produção, foram mais de 50 modelos produzidos e lançados. Somente neste ano, chegaram ao mercado dois novos modelos, o Toro e o Mobi, consolidando a presença da marca em diferentes segmentos, com projetos desenvolvidos totalmente no Brasil.
A evolução da marca no país tem como centro a fábrica de Betim (MG). Em 40 anos, a planta se transformou na maior fábrica de veículos da América Latina e em uma das maiores do mundo, além de ser a unidade de produção com maior capacidade instalada de todo o grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA). Com capacidade atual para produzir 800 mil veículos por ano, foi a primeira fábrica de automóveis a se instalar fora de São Paulo, construindo uma história marcada pela liderança de vendas, já alcançada 14 vezes.
Das linhas de montagem, já saíram quase 15 milhões de veículos. Mais de três milhões foram exportados para cerca de 30 países. O carro líder de produção foi o Uno, com mais de 3,7 milhões de unidades vendidas.
Para sua completa modernização, a planta está em meio a seu maior ciclo de investimentos, recebendo, desde 2010, R$ 7 bilhões em aportes, incluindo o desenvolvimento de novos produtos. Como parte desse processo, a unidade de Prensas passou a operar, em 2011, com duas linhas de alta cadência, capazes de dar 16 golpes por minuto, o dobro da velocidade das prensas convencionais.
Novos robôs foram inseridos na linha de produção, trazendo tecnologia de ponta e mais precisão. Somente na Funilaria, 195 robôs foram instalados para a produção do Mobi. A montagem da carroceria do novo modelo é totalmente automática, do pavimento até o teto, passando pelas laterais e partes móveis, como portas, paralamas e capô. A fábrica contará ainda com um novo prédio para pintura, com equipamentos mais modernos e eficientes, elevando o patamar de qualidade do processo. As obras estão em fase final.
O processo de modernização ocorre sem interrupção da produção nas linhas de montagem, o que deu à FCA know-how para realizar simultaneamente grandes mudanças de processos, incorporação de novas tecnologias e um robusto programa para desenvolvimento de pessoas, preparando a fábrica da Fiat para um momento novo da indústria.
Construção da fábrica da Fiat, em Betim, Minas Gerais, em 1976 |
Para Stefan Ketter, presidente da FCA para a América Latina, a ênfase está em combinar qualidade e eficiência, através de processos produtivos cada vez mais precisos e compartilhados por toda a cadeia produtiva.
A revolução produtiva via WCM
Hoje, a linha de montagem do Mobi, feita com auxílio de robôs |
Desde 2007, a fábrica adota o sistema de produção WCM – World Class Manufacturing. Desenvolvido pela própria Fiat, através da cooperação com especialistas mundiais emLean Manufacturing, o WCM abrange todos os aspectos da manufatura (posto de trabalho, qualidade, manutenção e logística). É aplicado em todas as fábricas da FCA no mundo, que compartilham entre si as melhores práticas – a maior parte nascida a partir de sugestões dos próprios funcionários. Esse processo acontece por meio de um sistema interligado, elevando fortemente a qualidade dos produtos e a produtividade das plantas.
O WCM é um processo de melhoria contínua, e essa é justamente uma de suas características mais importantes da metodologia. “A partir do momento em que uma boa prática passa a ser visível em todas as plantas do mundo, automaticamente, torna-se padrão. Daí, o desafio é aprimorá-la, sempre pensando e agindo de forma global, na busca de novos padrões ainda melhores”, salienta Jasson Azevedo, gerente da Montagem Final. Ele trabalha na fábrica de Betim há 20 anos e foi um dos precursores na aplicação da metodologia no Brasil.
Linha de soldagem do modelo Fiat 147 |
A fábrica também é reconhecida por seu dinamismo e flexibilidade, capaz de se adequar às variações e oscilações de demanda, oferecendo resposta rápida na entrega dos produtos que os clientes desejam. Em uma única linha de produção, são montados diferentes modelos. O inverso também é possível: um modelo pode ser montado em diferentes linhas, simultaneamente. Na fábrica, a quantidade de peças manuseadas diariamente ultrapassa 3,5 milhões, abastecidas por cerca de 300 fornecedores.
As práticas pioneiras de sustentabilidade
A sustentabilidade está presente em todos os setores da planta de Betim, da ponta final da linha de montagem aos corredores dos escritórios. A Fiat foi a primeira fábrica de automóveis e comerciais leves do país a obter o certificado ISO 14001, de gestão ambiental, e também o ISO 50001, de gestão de energia.
As primeiras prensas usadas na fábrica da Fiat em Betim, Minas Gerais, em 1976 |
Atualmente, 99,4% da água utilizada para produzir carros é de reúso, um recorde absoluto no setor automotivo no país. Isso é possível graças a um dos mais modernos sistemas de tratamento e recírculo de água do Brasil, um pioneirismo da Fiat, fruto de investimento em novas tecnologia a partir de 2010.
A fábrica de Betim foi também a primeira no país a obter a marca do “Aterro Zero”, o que significa que absolutamente nenhum resíduo é enviado para aterros – 97% são reciclados e os 3% restantes reaproveitados.
Montagem doFiat 147 em 1976 |
Até mesmo sobras de tecido automotivo e de cintos de segurança têm uso. Elas viram acessórios, como bolsas e mochilas, pelas habilidosas mãos das costureiras da Cooperárvore, cooperativa do programa social Árvore da Vida, gerando renda e integração para as regiões vizinhas à fábrica. Mais de 25 toneladas de materiais já foram reaproveitadas, em 10 anos, dentro do escopo do programa, desenvolvido pela FCA.
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